Especial "Clássicos": Ação social e Relação Social em Max Weber - Uma introdução, por Bruno Mussil

Bruno Mussil

Foto: The School of life

Max Weber (1864-1920) é conhecido por sua sociologia compreensiva, na qual leva em consideração a subjetividade dos indivíduos, "baseando-se critérios internos dos indivíduos participantes e no fato de os seres humanos serem diretamente conscientes de suas ações" (BEDONE, 2002,p. 33).

É em seu livro "Economia e Sociedade" que Max Weber nos demonstra o que ele entende por ação social e relação social. 

Para Weber, a ação social "orienta-se pelas ações de outros". Ou seja, os outros, conhecidos ou desconhecidos, agem comigo. Porém, o autor salienta que nem todo contato entre humanos é tido como social. Como exemplo, Weber cita o choque entre dois ciclistas, qual é um evento natural. Mas, a partir do momento que eles discutem, ou desviam, pode ser considerado como uma relação social. 

Vale lembrar que existem os ditos comportamentos de massa, na qual esta ultima condiciona as ações dos indivíduos. O linchamento coletivo é um exemplo. Você pode afirmar que não participaria de um, até se defrontar com o momento efervescente que o envolve. Isso é o que Weber chama de situação de massa. 

Para melhor ilustrar o que Weber chama de ação social, ele classifica a classifica em quatro tipos puros, respectivamente: ação social racional com relação a fins; ação social racional com relação a valores; ação social afetiva; e ação social tradicional.

Ação social racional com relação a fins

Segundo Weber, 
Age racionalmente com relação a fins aquele que orienta sua ação conforme o fim, meios e consequências implicadas nela e nisso avalia racionalmente os meios relativamente aos fins, os fins com relação às consequências implicadas e os diferentes fins possíveis entre si (WEBER,1999, p.139). 
Em outras palavras, quem age racionalmente com relação a fins leva em consideração os resultados, os meios, as causas e os efeitos de suas ações. Logo, é caracterizada como uma ação racional, pois requer pensar as possibilidades da ação.

Ação social racional com relação a valores


Age de modo estritamente racional com relação a valores quem sem considerar as consequências previsíveis, se comporta segundo suas convicções sobre o que o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria religiosa, a piedade ou a importância de uma "causa", qualquer que seja seu gênero, parecem lhe ordenar (WEBER,1999, p.139).

Ou seja, a ação racional com relação a valores expressa aquelas ações que são efetuadas por influências que estão no âmbito moral. Crenças religiosas, estéticas e políticas, são alguns exemplos. Quando agimos conforme nossa orientação religiosa, estamos agindo através de normas estabelecidas pela religião (como os dez mandamentos cristãos, por exemplo). 

Ação social afetiva

A ação afetiva, por conseguinte, é "determinada por afetos e estados sentimentais atuais" (WEBER, 1999, p. 139). Aqui, os sentimentos vencem a razão. A emoção fala mais alto e orienta a ação. Um exemplo disso é o sentimento de ódio. Muitas vezes, em momentos de pura raiva, falamos ou agimos de maneira agressiva, ferindo os sentimentos de outras pessoas, sem sequer pensar nas consequências e possibilidades de nossa ação. Esse aspecto é o que diferencia a fronteira entre a ação racional e a afetiva. 

Ação social tradicional 

Por fim, a ação social tradicional está intimamente relacionada com os costumes, os hábitos, de uma determinada sociedade (WEBER,1999). 

Esses quatro tipos de ação social são tipos sociológicos, ou seja, podem ser utilizados para a pesquisa sociológica, não sendo, portanto, conceitos que visem, simplesmente, a pura definição das ações humanas. É, contudo, uma contribuição metodológica às ciências sociais. 

Definidos os quatro tipos de ação social, passemos a desvendar o que Weber chama de Relação Social. O autor nos diz, 

Por relação social deve-se entender uma conduta de vários - referida reciprocamente conforme seu conteúdo significativo, orientando-se por essa reciprocidade. A relação social consiste, pois, plena e exclusivamente, na probabilidade de que se agirá socialmente numa forma indicável (com sentido);
Ou seja, uma relação social baseia-se na reciprocidade e na probabilidade de agir com sentido, de agir com significado. Quando agimos, buscamos sentido para nossa ação (seja um sentido racional, moral, tradicional ou emocional, como os diferentes tipos de ação social). A relação social, portanto, depende da existência da ação social. É na ação social que a reciprocidade é possível, gerando uma relação social. 

É isso, por fim, que Weber classifica como ação social e relação social. Esses dois elementos, enquanto conceitos sociológicos, são a marca de originalidade de Max Weber.

Referências Bibliográficas 

FORACCHI, M. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. LTC, 1999.

BEDONE, Dalva Maria Bertoni. Sociologia e Sociedade. Introdução Às Ciências Sociais, 2002.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Editora Universidade de Brasília., 1994.

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