Especial "Clássicos": Marx e a mercadoria, por Bruno Mussil


Por Bruno Souza da Silva Mussil

Karl Marx nasceu em 1818, na cidade de Trier, Alemanha. Durante sua vida, acompanhou o desenvolvimento da então nascente sociedade capitalista moderna. Esta convivência proporcionou a Marx uma série de questões sobre o futuro que a humanidade havia construído após a revolução industrial.
Karl Marx (Internet)


Marx, em Manifesto do partido comunista, expõe, de forma clara e objetiva, como o capitalismo pouco-a-pouco veio a se desenvolver, ainda no interior da sociedade feudal, com o surgimento das primeiras relações burguesas e demonstra também que a história da humanidade representa a história dos antagonismos de classes (lutas de classe) - no caso do capitalismo: burguesia contra o proletariado. A burguesia é representada pelo grupo de indivíduos que são donos dos meios de produção, os capitalistas. Para ele, esta classe é uma classe revolucionária que foi capaz de dissolver todas as relações tradicionais que a antecedeu e instituiu novas formas de interação e dominação econômicas, políticas e sociais.O proletariado, por sua vez, representa o grande número de trabalhadores, operários e funcionários que vendem sua força de trabalho para o burguês. Esta relação é estabelecida de forma conflituosa, devido as extremas desigualdades que existem numa classe em relação a outra, como por exemplo: a mais-valia (assunto para um outro texto).
Reprodução: Internet
Em sua maturidade, Marx desenvolve sua principal obra: O capital. Nesta obra ele estabelece uma crítica à economia política e demonstra, logo no primeiro capítulo, as relações capitalistas em torno da mercadoria.

A mercadoria, segundo Marx, é um objeto, um bem, que satisfaz as necessidades humanas de forma direta, como objeto de consumo, ou indireta, como meio de produção. A mercadoria é representada por duas formas de valor: valor-de-uso e valor-de-troca (ou valor). A primeira representa a utilidade, a qualidade, do objeto, da mercadoria. A segunda representa a grandeza, quantidade, da mercadoria. Quando o valor-de-troca é levado em consideração o valor-de-uso é descartado, restando apenas seu valor. O valor-de-troca possui dois pólos, um duplo caráter: sua forma relativa e equivalente. A forma equivalente reflete o valor de troca da forma relativa em uma troca simples (A por B). Quando a troca envolve uma moeda de troca, como o dinheiro por exemplo, ela se transforma numa troca complexa, sistematizada, onde o dinheiro representa uma forma equivalente geral, ou seja, algo pode ser trocado por qualquer outro objeto (MARX, 1988).

Na relação valor-de-uso e valor-de-troca a única semelhança existente é que ambas são frutos do trabalho humano. Logo, a grandeza de valor da mercadoria é definida pela quantidade de trabalho humano, mais especificamente, pela quantidade de tempo na produção do objeto (MARX, 1988).

O trabalho, por sua vez, possui um duplo caráter: trabalho concreto e trabalho abstrato.

O trabalho concreto é o material, o sólido. Representa os meios pelos quais o objeto é produzido. O trabalho abstrato representa a essência e medida do valor, exclui o trabalho concreto e estabelece apenas uma relação alienada para com a mercadoria. A alienação é o não-reconhecimento, o estranhamento, que, por sua vez, gera o fetiche da mercadoria.
Este ultimo, o fetiche, significa atribuir poderes mágicos, vida, à objetos. O resultado de tal atribuição expressa a coisificação do trabalho humano e a humanização das coisas (olhar para a mercadoria e não reconhecer que ela é fruto do trabalho humano e pensar que aquilo existe por si só).


Abaixo um organograma para associar os conceitos. Clique para aumentar o tamanho.

Foram estes conceitos demonstrados por Marx que auxiliaram a humanidade entender, de forma mais ampla, as especificidades do nosso sistema econômico: o capitalismo.

Abaixo um vídeo explicativo que resume o conteúdo:



MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O capital: critica de economia politica, volume I. Abril Cultural, 1988.

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